sexta-feira, 3 de junho de 2011

Discurso do Presidente dos EUA, Barack Obama, na entrega do Prémio Pritzker 2011 de Arquitectura ao arquitecto Eduardo Souto de Moura

Bem, obrigado, Tom, por essa introdução. Obrigado a toda a família Pritzker pela vossa amizade e imensa generosidade em tantas causas. Quero também saudar o corpo diplomático aqui presente, assim como o Secretário Arne Duncan.

Em meu nome e de Michelle, quero começar por felicitar o vencedor desta noite, Eduardo Souto de Moura. E quero também agradecer aos membros do júri, que têm a difícil tarefa de escolher entre tantos arquitectos notáveis de todo o mundo.

Como o Tom disse, o meu interesse pela arquitectura vem de trás. Houve uma altura em que pensei que podia ser arquitecto, quando esperava vir a ser muito mais criativo do que sou. Em vez disso tive de entrar para a política. (risos)

E como os Pritzkers e muitos outros aqui podem confirmar, se gostamos de arquitectura há poucos lugares melhores para viver do que a minha cidade, Chicago. (Aplauso) É a terra dos arranha-céus – uma cidade cheia de edifícios e espaços públicos desenhados por arquitectos como Louis Sullivan, Frank Lloyd Wright e Frank Gehry, que está aqui esta noite.

Na verdade, a sede da nossa última campanha foi num edifício desenhado por Mies van der Rohe. Durante dois anos esteve cheia de pessoas que trabalhavam sob pressão e que sobreviviam apenas com pizza. (Risos) Não tenho a certeza se era isso que Mies tinha em mente, mas para nós resultou muito bem.

E isto é arquitectura. É sobre criar edifícios e espaços que nos inspiram, que nos ajudam a fazer o nosso trabalho, que nos unem e que, no seu melhor, se transformam em obras de arte que podemos atravessar e onde podemos viver. É por isso que a arquitectura pode ser considerada a mais democrática das formas de arte.

Talvez isso explique por que razão Thomas Jefferson, que ajudou a consagrar os princípios da nossa nação, tinha uma enorme paixão pela arquitectura e pelo design. Ele passou mais de 50 anos a aperfeiçoar a sua casa em Monticello. E passou horas infindáveis a traçar e a rever os seus desenhos para a Universidade de Virgínia - um lugar onde ele esperava que as gerações seguintes viessem a estudar e a transformar-se, como ele descreveu, “no futuro baluarte da mente humana neste hemisfério”.

Como Jefferson, o homenageado desta noite passou a sua carreira não apenas a redefinir as fronteiras da sua arte, mas a fazê-lo de forma a servir as pessoas. Eduardo Souto de Moura desenhou casas, centros comerciais, galerias de arte, escolas e estações de metro – tudo num estilo que parece fácil e belo. Ele é um especialista no uso de diferentes materiais e cores, e as suas formas simples e linhas direitas enquadram-se facilmente no ambiente a que se destinam.

Talvez o trabalho mais célebre de Eduardo seja o estádio que desenhou em Braga, Portugal. Não se contentando nunca com a resposta mais fácil, Eduardo quis construí-lo na encosta de uma montanha. Para isso rebentou com quase um milhão e meio de metros cúbicos de granito e depois triturou-o para fazer o betão necessário para construir o estádio.

Teve também a preocupação de posicionar o estádio de forma a que quem não pudesse comprar bilhete assistisse ao jogo dos montes em volta. É quase uma versão portuguesa do Wrigley Field. (Risos)
E essa combinação de forma e função, de arte e acessibilidade, é a razão por que hoje honrarmos Eduardo com aquele que é conhecido como o “Prémio Nobel da Arquitectura”. “A Arquitectura deve falar do seu tempo e do seu lugar, mas ansiar a eternidade”, disse Frank Gehry, que já ganhou este prémio.

Eu quero agradecer a todos os homens e mulheres que criaram estas obras de arte eternas – não só por nos trazerem alegria, mas por fazerem do mundo um lugar melhor.


E Tom, mais uma vez obrigado pelo apoio extraordinário à arquitectura. Faz uma diferença enorme. Muito obrigado.

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